quarta-feira, 29 de abril de 2020

Invasões Estrangeiras no Brasil Colonial


1. Franceses
1555 – 1567
Huguenotes franceses, chefiados pelo almirante Gaspar de Coligny, que seguindo o plano de Nicolau Durand de Villegaignon tentaram fundar no Rio de Janeiro (Capitania de São Vicente) uma colônia que lhes servisse de abrigo: a França Antártica.A expedição chegou ao Rio de Janeiro em 1555, fundando na Ilha de Seregipe, Baía de Guanabara, o Forte Coligny.

O governo de Mem de Sá envidou todos os esforços para expulsar os franceses da região; Estácio de Sá derrotou os invasores depois das Batalhas do Forte Coligny, de Uruçu-Mirim (atual bairro do Flamengo, e parte do de Botafogo), e da Ilha de Paranapuã (Ilha do Governador).
 Destacaram-se nos combates, lado a lado com os portugueses, os índios temininós (do Espírito Santo), comandados por Araribóia, que como recompensa recebeu uma sesmaria na região do Rio de Janeiro e fundou a Vila de São Lourenço, origem da cidade de Niterói.

1612 – 1615
Os Franceses, chefiados por Daniel de la Touche (senhor da região de la Ravardière) se estabelecem no litoral Norte do Brasil; na tentativa de organizar uma colônia, chamada de França Equinocial, fundaram numa Ilha o Forte de São Luís (homenagem ao rei francês Luís XIII), em torno do qual nasceu a povoação de mesmo nome, hoje capital do Estado do Maranhão.
 Duas expedições foram organizadas pelo governo-geral para expulsar os franceses do Maranhão. A primeira, chefiada por Jerônimo de Albuquerque, não alcançou o seu intento. Os portugueses atacaram novamente os invasores, com melhores resultados. Depois da Batalha de Guaxenduba, firmou-se uma breve trégua, que acabou com a chegada de reforços reinos e a Bahia.
 La Ravardière rendeu-se em 1615.

1710 – 1711
Tentativas frustradas de estabelecimento no Rio de Janeiro, depois das quais reorientaram suas investidas para o Norte do Brasil, apossando-se da Guiana Francesa.


2. Ataques corsários
Assim que assumiu o trono português, Filipe II aplicou nas possessões portuguesas a mesma política empregada em terras espanholas, por força de dificuldades econômicas, proibindo o ingresso de estrangeiros que ficavam impedidos de exercer atividades comerciais, agrícolas e de mineração. Este exclusivismo provocou crescente hostilidade ao Brasil no exterior (engenhos brasileiros tinham recebido investimentos de casas comerciais européias). Com isso os ataques corsários à costa se tornaram cada vez mais freqüentes:
Ingleses: Fenton (Santos, 1583), Withrington e Lister (Salvador, 1587), Cavendish (Santos, 1581)
Franceses: Riffault (Maranhão, 1584)
Anglo-franceses: (Recife,15)
Holandeses: (Rio de Janeiro e Bahia, 1599)


3. Invasões holandesas

3.1 Antecedentes:
→Surgimento da Holanda
·      1572 – O norte intensifica a luta para separar-se da Espanha.
·      1581 – Independência da Holanda, sob o nome de Províncias Unidas dos Países Baixos, ou República da Holanda, que se tornou inimiga da Espanha.
·      Filipe II da Espanha proíbe o comércio entre a Holanda e as colônias ibéricas.
·      1602 – Criação da Cia. das Índias Orientais: seu objetivo era assumir as reações comerciais com os domínios Ibéricos na África, assumindo boa parte do tráfico de escravos africanos, e na Ásia, além de efetuar saques na costa brasileira.
·      1621 – Criação da Cia. das Índias Ocidentais: destinada a garantir o controle do comércio do açúcar brasileiro, podendo construir fortificações, nomear funcionários, organizar tropas, estabelecer colônias em nome da Holanda.
Escolha do Brasil: os lucros com o comércio do açúcar e os benefícios da colônia cobririam os gastos com a conquista, o tráfico negreiro era outra possível fonte de renda, além de poder servir como ponto estratégico para incursões aos navios espanhóis carregados de metais.

3.2 Holandeses na Bahia

Em 9 de maio de 1624, aportaram na Baía de Todos os Santos 26 navios holandeses, sendo a resistência inútil, pois os holandeses conquistaram Salvador.
A esquadra invasora era comandada por Jacob Willekens e transportava 1600 tripulantes e 1700 soldados comandados por Johan van Dorth.
O governador Diogo de Mendonça Furtado, segundo Mendes Jr. e Gilberto Cotrim, foi levado para Holanda e sucedido pelo Bispo D. Marcos Teixeira que organizou emboscadas para os invasores e morreu pouco depois. O governo passou para Francisco Nunes Marinho e três meses depois para D. Francisco de Moura, que manteve o sistema de emboscadas.
No fim de março de 1625 chegou o auxílio: uma frota de 52 navios comandada por D. Fradique de Toledo Osório, com + ou – 13.000 homens.
Obrigados a desistir da luta, os holandeses renderam-se em 1 de maio de 1625, tendo de atender as seguintes condições:

·       Entrega da cidade de Salvador, com toda a artilharia, armas, munições, bandeiras, todo dinheiro, ouro, prata, escravos que estivessem na cidade ou nos navios que estivessem no porto;
·       Restituição de todos os prisioneiros;
·       Exigência de não se envolverem em luta contra a Espanha até chegarem à Holanda;
·       Ter a bordo somente os suprimentos necessários para a viagem de retorno à Holanda.
Nos anos seguintes, 1626 e 1627, os holandeses saquearam no litoral baiano um navio carregado de açúcar, cachaça, fumo, entre outros produtos, bem como um navio carregado de prata que ia do México para a Espanha, com o que custearam a 2ª invasão.

3.3 Holandeses em Pernambuco

Em 14 de fevereiro de 1630, chegou a Olinda uma esquadra holandesa, com + de 60 embarcações, comandada por Diederik van Waerdenburch desembarcou na praia do Pau Amarelo, donde partiu para a conquista de Olinda. O governador de Pernambuco, Matias de Albuquerque, em Recife, mandou queimar armazéns e navios e distribuiu seus homens em pontos estratégicos. Como não evitou a tomada de recife, o governador foi forçado a se retirara para o interior, + ou – 6 km de Recife e Olinda, onde fundou o Arraial do Bom Jesus, continuando a resistência.
Em 12 de setembro a frotas de D. Antonio Oquendo (espanhola) e Adrian Janszoon Pater (holandesa) se enfrentaram sem que houvesse vitória de algum dos lados. Os invasores incendiaram Olinda e se concentraram em Recife, cercados, 2 anos.
Com a traição de Domingos Fernandes Calabar o panorama da guerra mudou, e os holandeses tomaram a Via de Iguaraçu, o Forte do Rio Formoso e o Arraial do Bom Jesus (1635).
Por maior que fosse a resistência, os resultados não foram os esperados, pois a Espanha não enviava reforços. Matias de Albuquerque retirou-se para Alagoas com cerca de 8000 pessoas. Em Porto Calvo venceu os Holandeses e aprisionou Calabar, que foi enforcado e esquartejado.
Por esta época os Holandeses já haviam conquistado além de Pernambuco a Paraíba e o Rio Grande do Norte.
No fim de 1635 o governador foi substituído por Luís e Rojas y Borja, que morreu em luta poucos meses depois, sendo sucedido pelo Conde de Bagnolo.
Em 1637 a Holanda enviou outra esquadra, na qual veio o Conde holandês João Maurício de Nassau-Siegen, para assumir o Governo da Nova Holanda, que era a colônia holandesa no Brasil.
O conde, nomeado governador e chefe das forças militares de mar e terra pela Cia. das Índias Ocidentais, quebrou a resistência oferecida pelos pernambucanos; venceu Bagnolo em Alagoas, Ceará e Sergipe, não conseguindo anexar apenas a Bahia, pois seu governador, auxiliado por Bagnolo e pelas forças de Filipe Camarão.
A Administração de Nassau consolidou a conquista, visto que estabeleceu um bom relacionamento com os senhores de engenho concedendo créditos que permitiram a compra e conseqüente reativação de engenhos abandonados, além de oferecer facilidades de comércio do açúcar.
Olinda foi reedificada, em Recife foram construídos os palácios de Friburgo (onde se estabeleceu o primeiro observatório astronômico do Brasil) e Boa Vista, bem como pontes orfanatos e hospitais. Trouxe também Willen Piso e George MarcGrave que estudaram a fauna e a flora brasileira e os irmãos pintores Franz e Pieter Post.
Nassau empreendeu a política de tolerância religiosa, além de permitir que os senhores de engenho participassem do governo na Câmara dos Escabinos, que eram Câmaras municipais nos moldes holandeses.
Em 1640, com o fim do domínio espanhol, Holanda e Portugal estabeleceram uma trégua de dez anos; mesmo assim Nassau atacou o Maranhão incorporando-o aos domínios holandeses.
Descontente com a nova política do conselho de administração da Cia. das Índias Ocidentais, que passou a cobrar juros muito altos e os empréstimos aos senhores de engenhos, Nassau foi afastado do cargo em 1644, retornando para a Holanda. Em seu lugar ficou uma junta de três comerciantes que não souberam dar continuidade à administração anterior, cobrando as dívidas dos senhores de engenho, que eram muito altas, sem contemplações, chegando a confiscar os bens dos que não tinham condições de saldar a dívida, despertando o ódio entre os habitantes da região pelo invasor.

3.4 Insurreição Pernambucana

Teve início em 1645, chefiada por João Fernandes Vieira, rico habitante da região, André Vidal de Negreiros, Henrique Dias, Martim Soares Moreno e Antônio Filipe Camarão, e apesar de não contarem com o apoio português, os pernambucanos venceram a batalha de Monte das Tabocas, com sucesso também em Serinhaém, Nazaré e Porto Calvo, as batalhas dos Montes Guararapes (1648 e 1649); e depois de cinco anos de resistência cercados em Recife os invasores renderam-se em Campina da Taborda (1654).
Termina o domínio Holandês no Brasil, tendo como resultado da ocupação estrangeira e das lutas: 
·      Urbanização da região litorânea do Nordeste
·      Favorecimento da unidade territorial da colônia
·      Desenvolvimento do sentimento nacional
·      União efetiva das etnias formadoras do povo brasileiro em torno de um objetivo comum
·      Realização de uma experiência social diferente da sociedade rural típica do Nordeste açucareiro: a sociedade urbana do Recife.
Os Holandeses abandonaram nossas terras, mas não o comércio açucareiro; depois receberem 4 milhões de ducados dos portugueses como indenização (a Inglaterra emprestou este dinheiro), dirigiram-se para as Antilhas (ilhas na América Central) onde iniciaram uma produção própria. Com grandes capitais, tecnologia mais avançada, facilidade de distribuição na Europa, o açúcar antilhano impôs-se ao brasileiro, extinguindo o 1º ciclo econômico da nossa história.
Quando me refiro a ciclo econômico, não estou dizendo que a cana-de-açúcar era o único produto brasileiro, apenas que era o principal produto para exportação. Embora a maioria dos historiadores reprove a abordagem dos ciclos econômicos ao se tratar da economia colonial, alguns concursos, principalmente os militares, ainda trazem esta forma de análise histórica.


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